quinta-feira, maio 2, 2024

Com shows e atrações artísticas CUT celebrou seus 40 anos no litoral paulista

Leia também

Em comemoração aos 40 anos da CUT, no último sábado (26), a Praia Grande foi palco de atrações culturais e shows que incluíram a apresentação da banca Ira!, um dos ícones do rock brasileiro desde os anos 1980. A celebração do aniversário da Central, em 2023, acontece em um momento de reorganização e definição das lutas para os próximos anos, processo quem vem sendo realizado por meio dos congressos estaduais da CUT (Cecut´s).

Fundada em 28 de agosto de 1983, no 1° Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), a CUT teve sua história de lutas exaltada tanto pela direção da entidade como pelos próprios artistas que se apresentaram em um palco montado na Avenida dos Sindicatos, em frente à sede da colônia de férias do Sinergia-SP.

A festa do último sábado, que na verdade é parte da celebração dos 40 anos, foi realizada simultaneamente com o 16° Congresso da CUT São Paulo, que reuniu mais de 700 sindicalistas de todo o estado e elegeu sua nova direção para os próximos quatro anos.

A Praia Grande foi escolhida por ter sediado, em 1981, a 1ª Conclat, Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, que reuniu mais de cinco mil sindicalistas de todo o país para dar um basta aos ataques da ditadura militar ao sindicalismo e, principalmente, para organizar a luta dos trabalhadores. Ali foi gerado o embrião da CUT, que seria fundada dois anos mais tarde.

O presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre, fez um breve resgate da importância da Central e sobre o orgulho em comemorar uma história tão intensa de lutas em defesa de trabalhadores e trabalhadoras.

“É um dia especial em que a nossa querida CUT completa 40 anos de vida, uma jovem organização, mas com um grande serviço prestado à classe trabalhadora brasileira”, afirmou o presidente da CUT.

“É uma bela história. Nascemos na ditadura militar, conseguimos a alegria de recuperar a democracia no Brasil, vimos o movimento sindical renascer ao longo desses 40 anos, firmamos parceria com movimentos importantes que surgiram como os movimentos populares e sociais, construímos parcerias com partidos e temos também a alegria de ter eleito por três vezes o nosso querido presidente Lula, que nos dá oportunidade de reconstruir o país”, disse Sérgio Nobre.

O dirigente parabenizou não somente aqueles que integraram o quadro da CUT ao longo dos anos, que participaram dessa construção, mas, em especial milhões de trabalhadores anônimos que, “no dia a dia da sua luta na construção civil, nas escolas, no serviço público, no campo, construíram essa história tão bela da CUT”.

“Bela história” também foi o termo citado pela vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira, para homenagear a Central pelos seus 40 anos.

A CUT completa 40 anos de uma luta muito bonita. Ela nasceu lutando pela redemocratização do Brasil, lutando por direitos, inclusive pelo ‘direito a ter o direito de lutar’, disse, se referindo ao direito de greve, à negociação coletiva, ao direito de se aposentar, ter seguridade social, entre tantos outros.

“A CUT continua lutando 40 anos depois e todas as grandes lutas do Brasil desse período tem a participação da CUT”, reforçou a dirigente.

A celebração, no último sábado, ela disse, foi para “celebrar essas lutas, os direitos e as conquistas que transformaram tantas vidas”. Mas teve também o caráter de seguir o compromisso de continuar lutando para melhorar e redemocratizar o Brasil. “Reconstruir Brasil de todos esses golpes que vieram para que a democracia prevaleça sempre”, disse Juvandia em relação aos últimos seis anos de ataques à democracia e aos direitos dos trabalhadores.

Desafios

A sociedade, a classe trabalhadora e o mundo do trabalho em si, estão sempre em transformação. Ao longo dos 40 anos a CUT se reorganizou diversas vezes para cumprir com seu papel de representar o conjunto da classe trabalhadora e na luta pela democracia do país, com igualdade e justiça social.

Para os próximos anos, não será diferente, apontou o secretário de Administração e Finanças da CUT, Ariovaldo de Camargo.

“Estamos celebrando os 40 anos e apontando para os próximos 40 anos, para representar a classe trabalhadora em sua plenitude. A CUT nasceu com caráter classista, de massa e organizada pela base. O desafio principal hoje é olhar para um segmento que representa quase metade dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, que não está no mercado formal de trabalho”, explicou o dirigente em relação a uma das principais transformações da relação capital e trabalho nos últimos anos – a precarização ocasionada pela informalidade.

Tal transformação foi aprofundada com a reforma Trabalhista do governo de Michel Temer (MDB), em 2017, que além de acabar com direitos de trabalhadores, também investiu para enfraquecer e desestabilizar o movimento sindical.

No entanto, a CUT, com todas as dificuldades, se manteve firme e em luta para se manter em seu propósito. “Neste momento de celebração, estamos sendo desafiados para que, nos próximos 40 anos, possamos dar respostas ao conjunto da classe trabalhadora, que envolve os trabalhadores informais e os formais. Por isso, temos muito o que fazer e desejamos sucesso à CUT e muita garra para os próximos 40 anos de muita luta”, pontuou Ari.

Processo de reorganização – os Cecut´s

A CUT se organiza e define suas estratégias de luta a partir de suas bases. Por isso, a realização dos congressos estaduais (Cecut´s) têm peso fundamental na construção do que será a CUT nos próximos anos. E, neste ano, ao completar quatro décadas, todo esse processo se torna histórico não somente pela coincidência com as datas dos Cecut’s, mas em especial pelo momento de retomada do Brasil pela classe trabalhadora após anos de atentados à democracia, com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Os 40 anos da CUT culminarão no 14° Congresso e ao longo desses últimos meses, as CUT estaduais fizeram seus congressos. É uma construção democrática ouvindo as bases de todo país, que estão se reorganizando e rearticulando”, afirmou o Secretário-geral da CUT, Aparecido Donizeti da Silva.

O dirigente também falou sobre a celebração do aniversário. “Resgatamos com os shows, as atrações e junto com os 700 delegados sindicais do estado de São Paulo uma comemoração de todos os avanços em nível nacional ao longo dos 40 anos, seja na jornada de trabalho, na emancipação da mulher, na política do salário mínimo, seja na democracia, como podemos comemorar hoje, seja em outras tantas conquistas e vitórias que fazem parte da história da CUT”.

 

Shows e cultura

A programação de atrações teve como show principal a banda Ira!. Com 42 anos de história, a banda coleciona ‘clássicos do rock nacional’, como Envelheço na Cidade, Flores em Você, Núcleo Base e Girassol. Durante o show, o vocalista Nasi parabenizou a Central pelos seus 40 anos.

 

ROBERTO PARIZOTTIRoberto Parizotti

Outras atrações foram a bateria da escola de samba paulistana Unidos do Peruche, que desceu do palco, se misturou com o público e trouxe o carnaval de São Paulo à sua apresentação e o grupo de sampa os D’Jorge no palco principal.

ROBERTO PARIZOTTIRoberto Parizotti

Mas a celebração teve ainda poesia e grafite como apresentações especiais. A cantora, poeta e slammer Kimani, convidada especial para mestre de cerimônias da festa, declamou uam poesia dedicada à CUT, contando a história recente de luta pela democracia e por direitos dos trabalhadores.

“Já se foram 40 anos da primeira Conclat, mais de mil sindicatos semeando unificação
Aqui mesmo na Praia Grande, germinando CUT sem views, curtidas ou retuítes
Foi o grito da liberdade que escreveu a Constituinte no Brasil genuíno
O voto direto estava à frente
E no olhar do povo, um destino
Viraríamos a esquerda seguindo
Um outro caminho
E em pouco tempo, um dos nossos, eleito
O prato cheio, a casa própria,
acesso a direitos, reparação histórica
Desenvolvimento social
(…)O povo trabalhador nunca deixou de lutar nas ruas, nas escolas,
Associações e sindicatos
No anonimato a se organizar
Venceu a maldade do homem que negava a vacina
para o povo que já morria de morte e de fome
A flor da solidariedade que nasce entre a apatia dos edifícios,
já percebe os indícios
de luz apagando o obscurantismo…” 
diz trechos da poesia de Kimani

“É importante estar no aniversário da CUT porque ela representa a união dos trabalhadores e o poder do povo”, ressaltou a artista.

ROBERTO PARIZOTTIRoberto Parizotti

Além dela, grupos de slammers (artistas que fazem poesias em espaços livres dedicados ao tema) se apresentaram como o Slam das Minas, de São Paulo.

O grafite foi representado pelo arte-educador Rodrigo Smull. Além de demonstração da arte que encanta, traz o cor e conteúdo às paisagens cinzentas – e apáticas, como cita Kimani em seu poema – Smull fez uma oficina para dividir conhecimento durante a celebração.

“O grafite é uma ferramenta de transformação social e de empreendedorismo. Além de artistas, somos trabalhadores e isso está ligado aos 40 anos da CUT”, disse o artista.

Redação da CUT

spot_img

Últimas notícias