sábado, outubro 5, 2024

Me Too do futebol espanhol: grande ato em Madri exige renúncia de dirigente

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Milhares de pessoas se reuniram nesta segunda-feira (28/08) no centro de Madri para realizar um protesto e exigir a renúncia do presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, devido à agressão sexual que cometeu contra a jogadora Jenni Hermoso durante a premiação da Copa do Mundo de Futebol Feminino.

O ato foi convocado pela Comissão 8M, que agrega diversos coletivos feministas da capital espanhola, e contou com a presença de duas importantes figuras políticas do país: a vice-premiê Yolanda Díaz – que foi candidata a primeira-ministra em julho – e a ministra da Igualdade, Irene Montero.

As manifestantes também apoiaram a decisão do Ministério Público de abrir uma investigação contra Rubiales por possível crime de agressão sexual contra Hermoso, o que poderia resultar não só na sua saída da RFEF como também em uma possível prisão.

O caso que tem mobilizado a Espanha nos últimos dias teve sua origem na Austrália, no dia 20 de agosto, após a final da Copa do Mundo de Futebol Feminino, vencida pela seleção espanhola, que derrotou a Inglaterra pelo placar de 1×0.

Rubiales foi uma das figuras que participou da premiação das atletas campeãs. Quando Jenni Hermoso subiu no palco para receber sua medalha e os cumprimentos dos dirigentes presentes, ele segurou sua cabeça com as duas mãos e forçou um beijo em sua boca.

Dias depois, na última sexta-feira (25/08), Rubiales convocou uma coletiva de imprensa na qual se esperava que anunciasse sua renúncia à RFEF, devido às pressões que passou a sofrer pelo caso. Mas não, o dirigente usou o palanque para dizer que ele era “vítima de uma tentativa de assassinato social” e assegurou que o beijo na jogadora foi “mútuo, espontâneo, eufórico e consentido”, e culpou o “falso feminismo” pela repercussão do caso.

A declaração do presidente da RFEF foi fortemente repudiada pela opinião pública e provocou uma nova onda de críticas além da revolta das atletas. Horas depois da coletiva, mais de 80 futebolistas espanholas anunciaram sua renúncia à seleção do país enquanto Rubiales continuar no cargo.

A própria jogadora Jenni Hermoso se manifestou nessa sexta-feira sobre o discurso do presidente da federação espanhola, e negou que houve consentimento no beijo forçado durante a premiação da Copa.

“As palavras do senhor Rubiales explicando o desafortunado incidente são categoricamente falsas e parte da cultura manipuladora da qual ele é partícipe (…) sua atitude (o beijo forçado durante a premiação da Copa) foi um ato machista, fora de lugar e sem nenhum consentimento da minha parte. Simplesmente, eu não fui respeitada”, afirmou a atacante.

Redação da CUT

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