quinta-feira, maio 9, 2024

Contra o genocídio da classe trabalhadora, CUT Ceará enfrentou o golpe e Bolsonaro

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Os ataques sistemáticos às conquistas dos trabalhadores, no período que compreendeu o golpe de 2016 contra a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), a prisão do presidente Lula (PT) até os quatros anos de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, remetem às lutas da CUT e do movimento sindical brasileiro ao início da trajetória da Central. O presidente da entidade no Ceará, Wil Pereira, afirma que em suas gestões, a CUT se deparou com a mesma pauta da época em foi fundada: a luta pela democracia.

“A CUT nasceu lutando pela democracia e, em nossas gestões, enfrentamos um governo autoritário que defendeu a ditadura, atacou e suprimiu as liberdades e tentou destruir o movimento sindical e todas as formas de defesa dos direitos da classe trabalhadora”, afirma.

O dirigente recorda a difícil conjuntura para a classe trabalhadora, de 2016 até 2022: a retirada de direitos pela contrarreforma trabalhista do ex-presidente Michel Temer (MDB), os ataques às políticas de proteção social, o neofascismo bolsonarista que perseguiu pessoas negras, LGBTQIA+, indígenas e quilombolas, populações vulneráveis, entre outros segmentos.

“Temer implementou o pior da política pública, com a retirada dos direitos da CLT, além da Emenda Constitucional 95, que congelou os gastos públicos”, comenta Pereira. Já Bolsonaro, recorda, tentou impor menos direitos, como é o caso da Carteira Verde e Amarela, “com o argumento de gerar empregos, ignorando que os trabalhadores, ao longo da vida adoecem, sofrem acidentes e têm que ter um amparo social”, diz ele.

LETÍCIA ALVESLetícia Alves

Wil Pereira descreve seu período à frente da CUT Ceará como de resistência ativa, porque reforçou o papel da Central em defesa da democracia e dos trabalhadores, que precisaram ser protegidos para não perderem o que foi conquistado com esforço, suor, e a luta incansável do movimento sindical ao longo de anos.

“Foi também o período de fortalecimento das ações com os movimentos sociais. A Frente Brasil Popular, criada um pouco antes, na gestão da Joana Almeida, teve papel decisivo no enfrentamento ao golpe e ao desgoverno Bolsonaro”, frisa Pereira, recordando grandes mobilizações de rua desde o “Não vai ter Golpe”, passando pelo “Fora Temer”, “Lula Livre” e “Fora Bolsonaro”.

Foi justamente em uma reunião de articulação da Frente Brasil Popular que os dirigentes sentiram na pele o tamanho do desafio que seria enfrentado: no auge da luta contra o golpe, a sede da CUT Ceará foi invadida por homens armados. No momento, o grupo preparava ato em apoio ao então ex-presidente Lula, que havia sido condenado em primeira instância na Operação Lava Jato.

“Eram cerca de dez homens. Chegaram com revólveres e estiletes. Alguns, encapuzados. E eram muito violentos. Procuravam pelo tesoureiro e pelo presidente da CUT. Ameaçaram e bateram em alguns companheiros. Portanto, classificamos esse episódio como um atentado”, relembra Wil, sem esconder a emoção pela apreensão vivida naquela manhã de julho de 2017.

Pandemia e a política genocida

Para Wil Pereira, a CUT demonstrou, mais uma vez, que anda ao lado dos trabalhadores, durante a pandemia de Covid-19. “Foi um dos momentos mais bárbaros do sistema capitalista, quando as pessoas lutavam pela vida, durante um desgoverno que não tinha o menor apreço pelos pobres, pelos idosos. Bolsonaro falava que a economia não podia parar, e as pessoas estavam morrendo aos milhares”.

Bolsonaro manteve uma postura negacionista em relação à pandemia do novo coronavírus, provocando aglomerações e sabotando as medidas de isolamento social decretadas por governadores e prefeitos, que tentaram reduzir as altas taxas de contaminações e mortes. Nos hospitais faltavam leitos de enfermarias e de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), medicamentos, oxigênio e insumos para tratar os pacientes. O colapso do sistema de saúde se espalhou pelo país e a classe trabalhadora foi a mais atingida.

“Desde o início, a CUT defendeu um efetivo lockdown para pôr fim à tragédia e acabar com o sofrimento e as mortes promovidas pelo genocida contra o povo brasileiro”, frisa Pereira, que integrou o Comitê Cearense de Enfrentamento à Covid, representando a classe trabalhadora cearense.

Pereira destaca que o auxílio emergencial, dentre outras medidas, foi fundamental para assegurar condições básicas de sobrevivência de milhões de trabalhadores e trabalhadoras desempregados e informais para que eles pudessem ficar em casa no período mais crítico da crise sanitária. “Lutamos pelo pagamento do auxílio emergencial de R$ 600,00 que Jair Bolsonaro (PL), a princípio queria pagar apenas R$ 200,00”, pontua.

LETÍCIA ALVESLetícia Alves

Balanço da gestão 2019-2023

Segundo Wil Pereira, a direção estadual da CUT Ceará participou ativamente de atividades de luta dos sindicatos, em defesa dos interesses da classe trabalhadora dos diversos ramos filiados à Central. “Foram mais de 720 atividades realizadas em parceria com os sindicatos e federações, com destaque para as grandes manifestações contra a reforma da Previdência dos servidores municipais de Fortaleza e pelo impeachment de Bolsonaro, pelas quais buscamos sensibilizar a sociedade sobre os impactos das mudanças em curso no país, que estavam destruindo vidas, empregos e renda”, destaca, ao relembrar que os diretores da CUT percorreram todo o Estado, representando a Central em eleições sindicais, apoiando chapas CUTistas e oposições, sediando e atuando na sua coordenação, além de participar das posses das novas direções nos sindicatos de forma presencial ou por plataformas virtuais.

“Foram pelo menos 20 eleições de sindicatos e 43 posses. E  por conta dessa presença constante da CUT no cotidiano das entidades filiadas, que a Central ganhou a adesão de novos sindicatos. 35 sindicatos passaram a compor o quadro de entidades filiadas à CUT Ceará”, ressaltou o presidente, ao lembrar que de 2019 a 2023, se filiaram à CUT 30 sindicatos de trabalhadores rurais, 3 sindicatos de professores, 1 sindicato de servidores municipais e 1 sindicato de comerciários.

Apontando para o futuro

Wil acredita que o Congresso da CUT, realizado em julho de 2023, no mesmo ano em que a CUT celebrou 40 anos de lutas e conquistas, foi um importante momento para reafirmar o compromisso da Central em continuar lutando na defesa intransigente dos interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora. Ele pontua que este momento histórico apontou para o importante papel que a CUT precisa desempenhar no processo de organização dos trabalhadores e trabalhadoras e da reconstrução do país, com a eleição e posse de Lula para a presidência da República.

Wil acredita ainda que, para dar conta desse desafio, a ação estratégica da CUT para este novo mandato precisa estar centrada em três eixos: o fortalecimento da organização sindical; a defesa da democracia; e a promoção do desenvolvimento sustentável.

“O nosso Congresso Estadual aprofundou o debate dessas questões e fortaleceu nossa Central nos embates que temos pela frente para garantir à classe trabalhadora vez e voz na construção de uma sociedade mais justa, que supere as desigualdades sociais, gere empregos de qualidade e amplie os direitos. A palavra de ordem será: reconstrução e transformação do Brasil”, finalizou.

Redação da CUT

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