sexta-feira, novembro 22, 2024

Combate à desigualdade e modelo de Estado é pauta dos trabalhadores no 14° CONCUT

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O Brasil seguirá sendo uma grande fazenda do mundo, produzindo e exportando minério, comida e gerando energia, ou iremos nos reindustrializar?. Essa importante provocação foi feita neste sábado (21), no debate “Intervenção da CUT na reconstrução do desenvolvimento econômico sustentável e combate à desigualdade”,  tema do encerramento do terceiro dia do 14º CONCUT.

A condução da conferência ficou sob a tutela do diretor do Departamento Inetrsindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fausto Augusto Jr, que chamou a atenção para a principal transição que o Brasil deve fazer: a de uma sociedade extremamente desigual para uma sociedade justa.

Hoje no Brasil quase 34 milhões de pessoas vivem com fome; 100 milhões moram em áreas de risco; 5 milhões de crianças estão fora das creches, e mais da metade dos trabalhadores não possuem proteções trabalhistas, ou seja, estão no mercado informal, sem proteção social e representação sindical.

Quando as condições econômicas e políticas do país oscilam, são os trabalhadores que pagam a conta. Segundo a exposição do diretor-técnico do Dieese, em momentos de crescimento econômico a renda não aumenta, isso porque a reserva de trabalhadores desempregados é grande, com rotatividade de mercado. Por outro lado, em momentos de retração da economia, os salários caem. Hoje, metade dos trabalhadores ganham, em média, R$1.800.

Justiça ambiental para um trabalho decente 

A discussão deixou evidente que é preciso compreender que o debate sobre o clima não pode ser uma discussão apenas de ambientalistas, mas também dos trabalhadores. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 40% de todos empregos do mundo dependem de um meio ambiente sustentável. Setores como agricultura, turismo e construção, por exemplo, são muito vulneráveis aos efeitos das alterações climáticas.

“Os trabalhadores da Agricultura Familiar são os primeiros a serem expulsos de suas propriedades quando há um evento climático extremo, e já não conseguem manter o seu ganha pão. Não é o agronegócio, que recebe muito mais investimento. Nós vimos isso nos estados do sul do país agora mesmo”, disse Fausto, se referindo às enchentes na região.

Envelhecimento da população e as reformas estruturais 

A inversão da pirâmide etária é outro grande desafio para o país. Até 2050 o Brasil terá a sexta população mais velha do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Hoje, segundo os dados expostos pelo Dieese no painel do CONCUT, o número de trabalhadores com mais de 60 anos (15% do total) já se equipara ao número de jovens no mercado de trabalho.

“Estamos envelhecendo rápido. Isso envolve recursos, direitos previdenciários. O que vamos assistir daqui, além das crianças em situação de rua, serão milhares de idosos em situação de rua. Pessoas que trabalharam a vida toda e que não terão o direito de se aposentar. Isso atinge especialmente as mulheres, muitas na economia do cuidado e que não terão sequer um salário mínimo na velhice”, afirmou Fausto.

Ele afirmou ainda que a condução que o governo e a sociedade fará às reformas Tributária, Previdenciária e Administrativa irá definir o modelo de país e de Estado que teremos daqui em diante. No centro dessa disputa está a valorização permanente do salário mínimo, que sofreu forte revés desde o golpe que destituiu a então presidenta Dilma Rousseff, em 2016.

“Fazer uma transição justa significa mudar a estrutura econômica e social do país. E desenvolvimento sustentável e inclusão só é possível com sindicatos fortes”, defendeu Fausto, ao encerrar a sua explanação

Redação da CUT

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