O início da semana foi marcado por uma intensa atividade policial, com a execução de uma operação da Polícia Federal, chamada “Abin Paralela”, que teve como alvo a residência e o gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, conhecido como “02” no seio do clã Bolsonaro. Carlos é suspeito de liderar uma Organização Criminosa responsável por estabelecer uma intricada rede de espionagem, direcionada a adversários políticos, jornalistas e até aliados, cujos resultados abasteciam o notório Gabinete do Ódio — outra criação atribuída a Carlos.
As suspeitas em relação ao vereador surgiram de sua conexão com o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que, de forma conhecida, acatava as instruções de Carlos enquanto ocupava o cargo de diretor da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). A descoberta desse vínculo direto entre Carlos Bolsonaro e uma figura chave na agência de inteligência nacional intensificou as preocupações sobre o potencial uso impróprio de recursos estatais para fins que atendessem aos interesses da família do ex-presidente.
Outro aspecto crucial que reforçou as suspeitas em torno do vereador foi a menção de seu nome na delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência. De acordo com as revelações do denunciante, Carlos Bolsonaro desempenhava um papel central na definição das estratégias do Presidente Bolsonaro e era responsável por emitir diretrizes à equipe do Gabinete do Ódio. Essa equipe, composta por Tércio Arnaud Tomaz, Mateus Matos Diniz e José Matheus Sales Gomes, operava sob as ordens de Carlos, delineando um padrão alarmante de influência e comando.
Então, não foi por acaso o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ter dado a autorização para a operação da Polícia Federal logo na manhã da segunda-feira. Da mesma forma, não se tratou de uma casualidade o fato de, ao chegarem à residência, os policiais não encontrarem Bolsonaro e seus filhos, que convenientemente haviam saído de barco para uma improvável pescaria. A narrativa apresenta ainda mais inconsistências quando observamos a alegada dificuldade de comunicação com o clã Bolsonaro, que inicialmente afirmou estar pescando em uma ilha, sem sinal de celular, apenas para, em seguida, declarar ter sido contatado pelo advogado por telefone. Fugiram para ocultação de provas? Cabe à PF investigar. Afinal, não é a primeira vez que Bolsonaro foge.
Com as recentes revelações e desdobramentos após a operação da Polícia Federal envolvendo Carlos Bolsonaro, as especulações sobre a possibilidade de sua prisão ganharam força. Diversos elementos apontam para uma investigação robusta e, caso se confirmem as suspeitas levantadas pelas autoridades, é plausível que Carlos Bolsonaro enfrente processos legais que podem culminar em sua prisão.
Outro ponto a se considerar é que, seguramente, as investigações chegarão a Bolsonaro. Até porque foi o próprio ex-presidente quem mais se beneficiou das possíveis ações do filho.
A nós, cabe aguardar o desdobramento dessa história e não permitir que os ânimos esfriem até que a última verdade venha à tona.