São Paulo – O Ministério dos Povos Indígenas realiza em Brasília nesta quarta-feira (5) homenagens à memória do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, assassinados em 2022. Eles investigavam um esquema de pesca ilegal em Atalaia do Norte, no Amazonas, perto da Terra Indígena do Vale do Javari.
O primeiro evento ocorreráserá às 14h, no Cine Brasília, na Asa Sul (SHCS EQS 106/107, s/nº). E deve contar com a presença das viúvas de Bruno e Dom, Beatriz Matos e Alessandra Sampaio, respectivamente. E também de autoridades federais e representantes de organizações não governamentais e indigenistas. Durante o ato, será exibido o documentário Vale dos Isolados: o assassinato de Bruno e Dom.
Dirigido pela jornalista Sônia Bridi, o filme recebeu o Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos, um dos mais importantes do Brasil. A obra conquistou a premiação na categoria melhor produção jornalística em vídeo por “revelar como a negligência do Estado fez ressurgir um ciclo histórico de violência na região com o maior número de indígenas isolados do mundo”. Após a exibição haverá debate sobre a luta dos defensores de direitos humanos, comunicadores e ambientalistas no Vale do Javari. A discussão sere a apresentação de um balanço das ações que o governo federal implementou na região.
O levantamento abordará iniciativas que integram o Plano de Proteção da TI do Vale do Javari. Assim como de promoção da proteção territorial e de garantia dos direitos sociais dos habitantes da área.
Mais homenagens a Bruno e Dom
O segundo ato está previsto para as 18h, na Esplanada dos Ministérios. Imagens de Bruno e de Dom serão projetadas no bloco A dos edifícios ministeriais, onde funciona parte da estrutura do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Deverão participar os ministros dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida.
O terceiro e último ato oficial em memória de Bruno e Dom será às 19h30, no Memorial dos Povos Indígenas, localizado no Eixo Monumental Oeste (Zona Cívico-Administrativa, Praça do Buriti, em frente ao Memorial JK). Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, responsável pelos atos, a cerimônia será transmitida pelas redes sociais. O link será informado ao longo do dia nos perfis da pasta no Instagram.
Histórico
Em nota, o Ministério destacou que o duplo homicídio “revelou a jornada de dois profissionais que se converteu em um marco da luta pelos direitos dos povos indígenas e da preservação do meio ambiente”.
Bruno Pereira e Dom Phillips foram assassinados em 5 de junho de 2022. A dupla tinha se reunido em Atalaia do Norte no início de junho. Dom planejava entrevistar lideranças indígenas e ribeirinhos para escrever um livro-reportagem que pretendia intitular de Como Salvar a Amazônia.
Indigenista experiente, Bruno havia se licenciado da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), em fevereiro de 2020, por discordar das novas orientações quanto à execução da política nacional indigenista no governo de Jair Bolsonaro (PL). Desde então, atuava como consultor técnico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Além de guiar Dom, Bruno viajaria para se reunir com lideranças de comunidades do entorno da Terra Indígena Vale do Javari – segunda maior área do país destinada ao usufruto exclusivo indígena e a que abriga a maior concentração de povos isolados em todo o mundo.
O crime
A dupla foi vista pela última vez na manhã de 5 de junho. Seus corpos só foram localizados após 10 dias, quando policiais já tinham detido ao menos cinco suspeitos de participar do crime.
Em julho de 2022, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou Amarildo da Costa Oliveira, conhecido pelo “Pelado”, Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos Santos” e Jefferson da Silva Lima, “Pelado da Dinha”, por duplo homicídio qualificado e ocultação dos corpos de Bruno e Dom.
Cinco meses depois, a Polícia Federal indiciou Ruben Dário da Silva Villar, o Colômbia. Apontado como o mandante do crime, ele responde por acusações de falsificação de documentos de identidade. E por liderar uma organização criminosa transnacional armada, investigada por outro inquérito que apura um esquema de pesca ilegal e contrabando no oeste do Amazonas.
Em janeiro, a PF prendeu ainda Jânio Freitas de Souza, informante acusado de ser braço direito do mandante do crime.
Fonte: Rede Brasil Atual