Por Julimar Roberto *
A vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas reacende debates sobre protecionismo econômico, políticas ambientais e relações internacionais no mundo inteiro. O retorno do republicano à Casa Branca representa não apenas uma mudança nos rumos internos dos Estados Unidos, mas também um impacto profundo nas parcerias daquele país e no equilíbrio global. Para o Brasil, cuja economia e políticas ambientais estão conectadas com o gigante norte-americano, essa nova fase impõe uma série de desafios.
Para começar, a postura econômica protecionista de Trump tende a fortalecer o dólar, principalmente por meio de políticas fiscais expansionistas e possíveis altas nas taxas de juros dos Estados Unidos. Segundo economistas, esse movimento pode atrair investimentos para ativos americanos e desvalorizar moedas emergentes, como o real, afetando diretamente o nosso país. Para o mercado brasileiro, isso representa uma possível pressão inflacionária e até a necessidade de ajustes na taxa Selic para conter os efeitos na economia.
Além disso, o novo cenário pode encerrar a breve fase de cooperação entre Estados Unidos e Brasil na área ambiental. Na Era Joe Biden, os Estados Unidos comprometeram-se com iniciativas como o Fundo Amazônia, mas a vitória de Trump sugere uma reversão nessa política. Com seu conhecido desdém sobre as questões ambientais, Trump já retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris no passado, demonstrando uma clara inclinação isolacionista que poderá reduzir o fluxo de recursos e suporte técnico para a preservação da Amazônia.
Para o Brasil, essa mudança pode significar tanto um retrocesso ambiental quanto econômico. Enquanto as relações com os EUA se enfraquecem, a dependência do Brasil em relação à China — atualmente, seu maior parceiro comercial — se intensifica. No entanto, a proximidade com a potência asiática poderá gerar tensões adicionais, considerando que a administração republicana adota uma postura cada vez mais competitiva em relação ao governo chinês, e o Brasil poderá ser pressionado a tomar partido nessa contenda, especialmente em um cenário em que o nacionalismo e as disputas comerciais marcam o relacionamento do governo norte-americano com seus parceiros.
Para piorar, o fortalecimento da extrema direita, que a vitória de Trump estimula globalmente, também traz reflexos diretos na política brasileira. A eleição americana foi observada de perto pelo ex-presidente genocida Jair Bolsonaro, que já expressou abertamente seu apoio ao republicano. Esse alinhamento pode influenciar a política interna e acirrar as discussões ideológicas no Brasil, consolidando ainda mais o lamentável apoio à direita conservadora.
Por fim, a postura de Trump em fóruns multilaterais, como o G20, onde o Brasil ocupa uma posição de destaque, ameaça a promoção de compromissos globais em prol de questões como sustentabilidade, combate à fome e regulamentação financeira. A postura adotada pelo norte-americano dificulta esses avanços e enfraquece o papel do Brasil e de outros países que dependem de uma liderança mundial comprometida com soluções globais.
A volta de Trump, infelizmente, não é um evento isolado para os Estados Unidos. Ela afeta mercados, fortalece ideologias e desafia alianças. Para o Brasil, o posicionamento do governo Lula será determinante e requer muita cautela. Eu, de minha parte, confio amplamente no grande estadista que rege o Brasil e sei que Lula terá a sabedoria de conduzir mais esse árduo processo. Afinal, somos brasileiros e não desistimos jamais! Fé no pai!
*Julimar é comerciário e presidente da Contracs-CUT