quinta-feira, setembro 19, 2024

Ataque contra a Miss São Paulo é tentativa de invisibilizar a beleza negra

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Desde que venceu o concurso de Miss Universe São Paulo, na noite de 24 de julho, a modelo Milla Vieira tem sofrido inúmeros ataques e ameaças em suas redes sociais, com comentários contestando a escolha da organização do concurso.

Por meio de perfis anônimos ou mesmo em contas reais, diversos usuários do Instagram foram à página de Milla escrever comentários como “ganhou pela cota, só pode”, “Vc é a MISSericórdia só se for” e “perderam a noção de beleza mesmo, lacração tá f… hoje em dia”, são algumas das agressões registradas.

Para a secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, Rosana Silva, criou-se a ideia de “beleza exótica” para se referir aos corpos negros, que nada mais é do que uma espécie de racismo velado. “Mas quando negros e negras ocupam os espaços antes reservados exclusivamente aos brancos, isso gera incômodo e aí muitos falam aquilo o que pensam de verdade”, afirma a dirigente.

Na quarta-feira, 31, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou que a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI) abriu um inquérito para investigar os ataques de crime de injúria racial e racismo.

As organizações do Miss Universe São Paulo emitiram uma nota de repúdio sobre o caso, condenando os ataques e se colocando à disposição de Milla para a tomada das providências legais, como a identificação dos usuários para que eles possam responder pelos crimes.

Moradora de São Bernardo do Campo, Milla, de 33 anos, irá representar o estado de São Paulo no concurso nacional, previsto para ocorrer em setembro. Ela venceu a disputa que tinha 32 participantes.

Nas redes, a modelo respondeu aos ataques e recebeu diversos apoios. “Por que tanto incômodo? Por que tanto ódio? Internet não é terra sem leis, e os responsáveis serão sim penalizados. Aqui a “cultura do hate” não se perpetuará”, escreveu Milla.

“Vivemos um Brasil onde a história da nossa diáspora africana não é contada nos livros escolares, a nossa cultura não é valorizada e nossa beleza ainda é tida como exótica. Querem nos deixar invisibilizados e precisamos ter meios de punir de fato esses racistas que se escondem através de seus avatares para continuar perpetuando o racismo”, finaliza Rosana.

 

Fonte: Redação CUT-SP

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