O evento debateu a realidade do trabalho doméstico no Brasil e demais países da América do Sul
A coordenadora geral da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD), Luiza Batista, a presidenta de honra da entidade, Creuza Oliveira, e as diretoras Cleide Pinto e Chirlene Pinto, participaram do 1º Congresso da Rede de Investigação sobre Trabalho Doméstico da América Latina (RITHAL). O evento começou no sábado (26) e foi encerrado nesta segunda-feira (28). Ele ocorreu na modalidade virtual.
O público-alvo do Congresso foi pesquisadoras/es e estudantes (graduação e pós-graduação), ativistas e sindicalistas. O evento debateu a realidade do trabalho doméstico no Brasil e demais países da América do Sul.
No primeiro dia do Congresso, sábado (26), Luiza Batista participou da Mesa Redonda “Representatividade, Solidariedade e Resistência: A Relação entre os Sindicatos das Trabalhadoras Domésticas no Brasil e a Central Única dos Trabalhadores (CUT)”, com Juneia Batista, secretária nacional da Mulher Trabalhadora (CUT) e Lucilene Binsfeld, ex-presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT (CONTRACS-CUT). A mesa foi moderada por Jana Silverman, pesquisadora e doutora em Sociologia.
No domingo (27), Creuza Oliveira e Cleide Pinto participaram da Mesa Redonda “Trabalho doméstico no Brasil: Violências e Resistências”, que contou com a presença também de Rivane Arantes, do Instituto Feminista para a Democracia (SOS Corpo) e da socióloga Ana Patrícia Sampaio, assessora técnica do Centro de Ação Cultural (CENTRAC). A mesa foi coordenada por Valeria Ribeiro, doutora em Antropologia Social.
O debate destacou as várias formas de violência que atingem a categoria das trabalhadoras domésticas, assim como as estratégias de resistência que elas desenvolvem.
Creuza Oliveira também participou da Mesa Redonda “O Trabalho Escravizado Doméstico é Pop, é Tudo no capitalismo Contemporâneo”. Além dela, estiveram no debate Carla Appollinario de Castro, Cristiana Barbosa Santana, Marcela Soares e Marina dos Santos Lima. A mesa foi mediada por Shirley Silveira Andrade.
“É sempre uma honra estar ao lado de mulheres que apoiam a luta das trabalhadoras domésticas aqui no Brasil e em todo o mundo. Somos uma categoria que está na luta há mais de 80 anos buscando os nossos direitos e reconhecimento pelo nosso trabalho”, disse Creuza Oliveira.
Nesta segunda-feira (28), Luiza Batista esteve presente na Mesa que discutiu os “Avanços e Desafios na Implementação” da C189 na América Latina e Caribe, ao lado de Ada Zambrano e Márcia Soares. O trabalho foi coordenado por Valdelice de Jesus, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Maranhão (Sindoméstico/MA).
A Mesa Redonda “As Trabalhadoras Domésticas e o Feminismo Decolonial no Brasil e na América Latina” foi coordenada por Isabel Silva de Freitas e Denise Mantovani, e contou com as participações de Creuza Oliveira, Maria Betânia Ávila, Natalia Mori e Cleusa Aparecida da Silva.
“Foram dias muito importantes. Um evento muito significativo para a nossa categoria, que reuniu companheiras de diversos países. Tivemos uma excelente troca de experiências e informações. A FENATRAD esteve presente em várias mesas redondas ligadas ao trabalho doméstico. Um dos temas debatidos foi a inclusão digital da categoria”, disse Luiza Batista.
O Congresso foi encerrado por Luz Vidal, subsecretária do Ministério da Mulher e da Igualdade de Gênero no Chile. Ela foi trabalhadora doméstica e presidenta do Sindicato dos Trabalhadores em Casas Particulares (Sintracap).
Lançamento do livro
No sábado (26), foi lançado o livro “Os sindicatos das trabalhadoras domésticas em tempos de pandemia: memórias da resistência”, em uma das salas do Congresso. O projeto teve a iniciativa da diretora da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD) e presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Nova Iguaçu (Sindoméstico), no Rio de Janeiro, Cleide Pinto, e da pesquisadora Louisa Acciari.
“Informamos como foi o processo do livro que contou com o apoio dos sindicatos filiados e da FENATRAD. A obra relata a ajuda humanitária que as trabalhadoras domésticas receberam em um momento que elas não tinham recursos, principalmente as diaristas. O livro foi um sonho do Sindicato de Nova Iguaçu. E foi possível graças a Louisa Acciari e ao projeto Fundo Brasil”, ressaltou Cleide Pinto.
Campanha
Na ocasião, a secretária de Formação Sindical da FENATRAD e diretora do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Campina Grande (Sindoméstico), Chirlene dos Santos Brito, apresentou a Campanha “Trabalhadoras Domésticas têm Direitos”, que visa conscientizar empregadores e trabalhadoras domésticas sobre os direitos da categoria. A campanha conta com o apoio da Federação Internacional dos Trabalhadores Domésticas (FITH).
Campanha “Trabalhadoras Domésticas têm Direitos”
“O Congresso foi importante, pois nos proporcionou a troca de experiências sobre as pautas de raça, classe, gênero, violação de direitos e políticas públicas com os outros países. Precisamos estar sempre em busca de novos conhecimentos e nos atualizando quanto aos desafios, condições de trabalho e conquistas que a nossa categoria de trabalhadoras domésticas vem enfrentando e angariando no mundo”, pontuou Chirlene dos Santos.
Presente no evento, o Congresso fez uma homenagem a Mary Garcia Castro, uma das autoras da obra “Muchachas No More: household workers in Latin America and the Caribbean”, de 1986, que se constituiu, desde então, como marco para os estudos de campo. Ela divide a autoria do livro com Elsa Chaney (in memorian).
Fonte: Fenatrad