quinta-feira, outubro 10, 2024

Celso Horta, Presente. CUT homenageia jornalista que lutou contra a ditadura

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“Foi o momento mais rico que vivi”.  Com essa frase o jornalista Celso Horta descreveu a sua histórica participação na luta contra a ditadura militar, quando ele foi perseguido, torturado e preso durante oito anos. Por toda a trajetória em defesa da democracia e no movimento sindical, a CUT presta uma homenagem ao companheiro, que faleceu nesta sexta-feira (21), em decorrência de problemas cardíacos.

Celso Horta completaria 75 anos no dia 8 de maio. Nascido em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, em 1948, mudou-se para a capital paulista em 1968 para cursar direito na PUC (Pontifícia Universidade Católica. No mesmo ano, ingressou no movimento estudantil e participou da “guerra da Maria Antônia”, como ficou conhecido o episódio em que estudantes enfrentaram forças anticomunistas sustentadas pela ditadura.

Integrou-se também à ALN, a Ação Libertadora Nacional, organização que fez a luta armada contra a ditadura e que teve como principal dirigente Carlos Marighella, de quem Celso Horta contou ter sido motorista durante uma ação: “Eu sabia dirigir automóvel, era um exímio motorista em 1969, e não era todo o mundo que sabia dirigir naquela época. Fiquei com essa função, que era importante Cheguei a vê-lo [Marighella) uma única vez, dentro de um automóvel, um fusca de uma militante amiga nossa”, contou Horta, em entrevista a um portal jornalístico de Portugal, em 2022.

Com apenas 21 anos, Celso Horta foi preso pela ditadura, em 1969 e, a partir daí, torturado. “Não sei se tem noção de como isso [a tortura] afeta o corpo. Na hora em que pendura [no pau de arara], isso já é uma violência, mas eles ainda combinavam com o choque elétrico. Quando você está amarrado e é submetido à aplicação de choque, isso produz movimento muscular muito forte. Essa distensão é extremamente dolorosa”, contou Horta há um ano.

“[Preso] fui direto para a tortura” executada pela polícia num local entre rua Tutóia e Tomás Carvalhal, no centro de São Paulo, endereço à época da infame sede da Operação Bandeirantes, o futuro DOI-CODI, que se tornaria um “modelo” para a repressão no restante do Brasil, e era financiada com contribuições de empresários e banqueiros. Estima-se que pelo menos dez mil presos e pesas pelos militares tenham passado por essas câmaras de horror durante a ditadura militar, incluindo nomes como o jornalista Vladimir Herzog e a ex-presidenta Dilma Rousseff.

Celso Horta passou oito anos na prisão. Foi libertado em 1977. Um ano depois, começou a fazer o curso de jornalismo na Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP), pela qual se formou em 1982.

Viveu em Cuba e trabalhou no jornal Granma. Retornou ao país e foi trabalhar na redação da Folha de S.Paulo, passou uma década na imprensa comercial. Foi assessor de Comunicação no Partido dos Trabalhadores, na CUT e no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

A partir de 2012, dedicou-se à carreira de escritor e pesquisador. Publicou pela Coleção Realidade Brasileira o livro “A repressão militar-policial no Brasil – O livro chamado João”. A obra foi escrita clandestinamente por presos políticos entre 1972 e 1975, na Casa de Detenção de São Paulo, impresso em Paris à época e lançado no Brasil, em 2016

É também autor da obra O braço “direito” do Grande ABC, estudo de caso sobre o Diário do Grande ABC. Foi criador e diretor do extinto jornal ABCDMaior e um dos precursores no projeto da TVT – TV dos Trabalhadores.

Celso Horta era casado e deixa duas filhas e uma enteada. Segundo informações da família. Ele estava internado há uma semana para tratar uma pneumonia, mas teve complicações cardíacas e não resistiu.

O velório e cremação do corpo do companheiro Celso Horta será neste sábado (22) pela manhã, no Cemitério da Vila Alpina, em São Paulo.

Celso Horta, presente!

Da redação da CUT

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