Os entregadores por aplicativo que usam motocicletas para trabalhar estão entre as maiores vítimas de acidentes de trabalho no Brasil. Ao longo do ano passado foram 24.642 acidentes envolvendo esses profissionais.
Esse resultado se reflete no aumento do número de mortes em geral de trabalhadores e trabalhadoras no país. Em 2022 foram quase 613 mil acidentes de trabalho em diversas áreas, provocando a morte de 2500 pessoas – 7% a mais que em 2021, segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde. Segundo estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), doenças e acidentes de trabalho fazem a economia perder cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB).
Em memória a essas vítimas será realizado nesta sexta-feira (28), pelo Fórum Nacional das Centrais Sindicais em Saúde do Trabalhador e Trabalhadora, hoje coordenado pela CUT, o Seminário “Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho”, pela plataforma zoom, a partir das 9 horas. Veja programação abaixo.
Para o Ministério Público do Trabalho (MPT), o aumento no número de acidentes de entregadores tem a ver com a situação econômica trazida pela pandemia, e esse número pode ser ainda maior. A procuradora Regional do Trabalho do MPT, Márcia Kamei conta que acidentes envolvendo motociclistas informais não entram na estatística.
“Esses dados eles revelam só os acidentes e mortes do setor formal, o setor informal, aqueles que não contribuem para a Previdência eles não tão englobados nesses números”, disse Márcia à reportagem da TV Globo.
Regulamentação da profissão dos entregadores é preocupação da CUT
Face mais visível da categoria, os entregadores de plataformas como Ifood e Rappi, além de motoristas de Uber, hoje, são mais de 7,5 milhões em todo o Brasil. A falta de regulamentação para essa categoria levou, em fevereiro deste ano, a Direção Nacional da CUT a definir prioridades e prazo para entregar propostas de fortalecimento de negociações coletivas e organização sindical para ampliar a reconquista de direitos dos trabalhadores, entre elas a regulamentação do trabalho por aplicativo, em especial o dos entregadores.
Na época, o presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre disse que é preciso acabar com a ideia de que esses trabalhadores são ‘empreendedores’ ou donos do próprio trabalho e do tempo.
“Basta ver os trabalhadores rodando com suas motos, muitas sem manutenção adequada, sem proteção correndo riscos nas ruas, 20 horas por dia, de domingo a domingo, e sem direito a nada”, ressaltou o dirigente.
Segundo ele, há ideias e projetos pontuais acerca do tema, mas em nível global nada ainda foi apresentado como solução definitiva para esses trabalhadores, e, por isso “ a nossa responsabilidade é imensa e vamos propor proteção social, controle de jornada e um piso mínimo para os entregadores”, disse.
Fórum Nacional das Centrais Sindicais debate o assunto em seminário nesta sexta (28)
O Fórum Nacional das Centrais Sindicais em Saúde do Trabalhador e Trabalhadora, hoje coordenado pela CUT, realiza nesta sexta-feira (28), a partir das 9 horas, o seminário “Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho”.
Para a secretária da Saúde do Trabalhador da CUT Nacional Madalena Margarida da Silva, o 28 de abril, é dia de luta, de alerta e de denúncia sobre as precárias às condições de vida e de trabalho a que estão expostos muitos trabalhadores e trabalhadoras no país, com ou sem carteira assinada.
“Muitos trabalhadores morem e adoecem todos os dias em decorrência dessa precariedade. Este dia é de reflexão sobre a promoção, proteção e recuperação da saúde física e mental. Neste dia reafirmamos nossa luta em defesa dos direitos da classe trabalhadora, pois não podemos aceitar o trabalho seja sinônimo de sofrimento, adoecimento e mortes”, afirmou a dirigente.
Serviço: “Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho”.
O evento será realizado pela plataforma zoom https://us02web.zoom.us/j/83473018968?pwd=TWNVaEo2NUtBWm1IbkNzWlVjb1hVQT09
ID da reunião: 834 7301 8968
Senha de acesso: 520399
Confira a programação
08h30 – Abertura da sala e acolhida
09h00 – 09h30 – Abertura Política – Representantes das Centrais Sindicais
09h30- 10h00 – Saudação de Luciene Aguiar da CGSAT/MS e Bruno Choary do MPT
10h00 – 10h40: Saúde e Segurança como Direito Fundamental no Trabalho para a Promoção e Proteção da Saúde Física e Mental dos Trabalhadores e das Trabalhadoras: Sérgio Roberto De Lucca – Doutor em Ciências Médicas pela Unicamp e Professor Associado da Área de Saúde do Trabalhador do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP
10h40 – 11h10- Debate
11h10 -11h20 – Informe sobre o Projeto que está sendo desenvolvido com os(as) trabalhadores(as) de Aplicativo – Profa Dra. Janaína Siqueira – UFBA
11h20-11h50: Homenagem aos Trabalhadores e as Trabalhadoras Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho – Eduardo Bonfim da Silva – Coordenador Técnico do DIESAT
11h50 – 12h00 – Encerramento.
Da Redação da CUT