Nos dias 30 e 31 de maio, o presidente da Contracs-CUT, Julimar Roberto, marcou presença no 8º Encontro Regional das Alianças da Moda Rápida, sediado em Bogotá, na Colômbia. O evento, organizado pela Uni Américas, teve como propósito criar um espaço para os trabalhadores do setor compartilharem suas conquistas e discutirem os desafios enfrentados no dia-a-dia. Além disso, foram planejadas ações regionais com o intuito de alcançar metas e encontrar soluções para os principais problemas enfrentados no segmento.
Durante o evento, Julimar fez uma fala enfocando casos de racismo ocorridos em lojas do ramo varejista de confecções. Ele utilizou exemplos contundentes para ressaltar a urgência de combater essa prática discriminatória e promover mudanças significativas dentro do setor.
Um dos casos citados foi o ocorrido em 28 de dezembro de 2021, na loja Zara de Salvador, onde Luiz Fernandes Júnior, um estudante negro, foi abordado por um segurança do shopping para ter suas compras revistadas, mesmo já tendo deixado a loja. Após quatro meses, a Zara e o Shopping Bahia fecharam um acordo extrajudicial com o estudante para encerrar o processo, cujos detalhes foram mantidos em sigilo.
O dirigente brasileiro também destacou o caso de Allyon dos Reis Moreira, que relatou ter sido alvo de comportamento hostil por parte de funcionários da loja Zara do Shopping Pátio Batel, em Curitiba. Allyon percebeu que o alerta de ocorrência de furto foi direcionado a ele e confrontou os funcionários a respeito. O caso evidencia um tratamento injusto baseado em estereótipos raciais, gerando um ambiente de discriminação e constrangimento.
Além desses exemplos de racismo, o sindicalista enfatizou a importância de enfrentar o trabalho análogo à escravidão que ocorre na indústria da moda rápida. Em 2011, uma investigação da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo revelou a existência de 52 trabalhadores em condições degradantes, incluindo uma menor de idade, que estavam costurando calças para a marca Zara. Outra operação no mesmo ano encontrou mais outras 15 pessoas em condições semelhantes em oficinas subcontratadas por uma das principais fornecedoras da empresa. Esses casos envolviam contratações ilegais, trabalho infantil, condições degradantes, jornadas exaustivas e cerceamento de liberdade.
Diante desses exemplos alarmantes de racismo e trabalho análogo à escravidão no setor da moda rápida, o presidente da Contracs encerrou sua fala de forma enfática, ressaltando que situações como essas não podem ser admitidas nem tratadas banalmente. Ele destacou a necessidade urgente de uma mudança profunda nas práticas e nas políticas adotadas pelas empresas, visando à promoção da igualdade, do respeito aos direitos humanos e da dignidade dos trabalhadores.
Julimar concluiu reforçando o compromisso da Contracs-CUT em combater todas as formas de discriminação e exploração, e enfatizou a importância da união dos trabalhadores, sindicatos e organizações para enfrentar esses desafios e alcançar uma indústria da moda rápida mais justa, inclusiva e ética. Somente através de um esforço conjunto será possível criar um ambiente de trabalho seguro, livre de discriminação, e garantir que os direitos e a dignidade de todos os trabalhadores sejam respeitados.