A seleção feminina de futebol do Brasil persegue o sonho de conquistar o seu primeiro título mundial disputando contra 32 seleções a Copa do Mundo que começa na próxima sexta-feira (20) em dois países: Austrália e Nova Zelândia. A competição segue até o dia 20 de agosto, data da disputa final.
O Brasil começa a sua jornada na Austrália, no dia 27 (quarta-feira), a partir das oito da manhã, contra o Panamá. A seleção está no Grupo F que tem ainda França e Jamaica. Veja abaixo a tabela da chave da seleção e quais os times que participaram da Copa.
Mesmo do outro lado do mundo, a seleção feminina pode contar com o apoio da torcida brasileira que já se organiza para ver os jogos do time comandado pela técnica sueca Pia Sundhage. O Ministério da Gestão e Inovação deve publicar uma portaria na próxima terça-feira (18) no Diário Oficial da União para permitir a adoção de ponto facultativo para servidores públicos federais nos dias de jogos.
A decisão de autorizar o ponto facultativo partiu de um pedido da ministra do Esporte, Ana Moser, ao presidente Lula, no dia que ambos acompanharam o treino da Seleção no Estádio Nacional Mané Garricha, em Brasília, há cerca de duas semanas.
Segundo informações do Ministério dos Esportes à Agência Brasil, nos dias em que os jogos começarem até 7h30, o expediente terá início às 11h. Nos dias de jogos iniciados às 8h, o expediente começará ao meio-dia. O documento prevê ainda a compensação das horas não trabalhadas até o dia 29 de dezembro.
Até mesmo empresas que nunca dispensaram os trabalhadores e trabalhadoras nos horários em que o time entra em campo, decidiram dar uma pausa na jornada de trabalho. Veja algumas abaixo.
A advogada Laís Carrano do escritório LBS que atende a CUT Nacional explica que as companhias não são obrigadas a dar folga e podem “cobrar” a reposição das horas paradas.
“Se a empresa tem banco de horas ou compensação para essas pausas ela pode acertar com o trabalhador como essa reposição será feita, já que não existe lei específica para a folga em horários de jogos de futebol. Normalmente há um acordo entre as partes”, diz.
Quem vai liberar os trabalhadores nos jogos do Brasil
O Sindipetro-SJC vai liberar seus funcionários para assistir aos jogos da seleção na Copa do Mundo de futebol feminino. Como os jogos vão ocorrer sempre no início da manhã, nos dias de jogo do Brasil o Sindicato abrirá mais tarde.
As empresas privadas que confirmaram a liberação foram listadas pelo jornal Valor Econômico. São elas: Bimbo Brasil – empresa de alimentos responsável por marcas como Pullman e Nutrella; o Grupo CCR, de infraestrutura e mobilidade; Siemens Energy; Pague Menos; a farmacêutica AbbVie Brasil; o Grupo Boticário e Visa.
Empoderar as mulheres
A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Nacional, Juneia Batista vê a decisão dessas empresas como uma conquista. Para ela a iniciativa de empoderar as mulheres é importante para dar visibilidade e trazer novas oportunidades para elas, especialmente as jogadoras da seleção brasileira de futebol.
“A Marta [meio campo da seleção] foi a única mulher a ser eleita melhor jogadora do mundo por seis vezes e ganha 125 vezes menos do que o Neymar, que nunca teve esse título. Por quê ele tem de ganhar mais do que ela?”, questiona Junéia ao comparar os salários entre os dois. Segundo o jornal esportivo Marca, da Espanha, Marta aos 37 anos, recebe cerca de 400 mil dólares (R$ 1,94 milhão) por ano. Já Neymar ganha 50 milhões de dólares (R$ 244 milhões) por ano, segundo a revista Forbes.
Para Junéia essa disparidade salarial tem muito a ver com o machismo estrutural na sociedade brasileira e mundial. Por isso que iniciativas como a do presidente Lula que criou a Lei de Igualdade salarial entre homens e mulheres são necessárias para dar fim a essa distorção.
A dirigente ressalta que o machismo estrutural é muito forte no meio do futebol, em que jogadores são acusados de assédio, estupro e feminicídio e ainda são idolatrados por parte de torcedores como nos casos de Daniel Alves, preso na Espanha acusado de estuprar uma jovem; de Robinho condenado há seis anos na Itália por estupro, mas que está livre no Brasil e o goleiro Bruno que matou Elisa Samudio, mãe de seu filho. O goleiro após dois anos de prisão foi para o regime semiaberto e chegou a ser contratado por times de divisões inferiores. Mais recentemente a acusação de estupro por parte de uma jovem de 13 anos, em 1987, na Suíça, contra Cuca, fez o Corinthians demitir o treinador após pressão da torcida feminina do time.
As jogadoras da seleção feminina
- as goleiras: Letícia Izidoro, Camila e Bárbara;
- as laterais: Antônia, Bruninha e Tamires;
- as zagueiras: Kathellen, Lauren, Mônica e Rafaelle;
- no meio campo: Marta, Duda Sampaio, Kerolin, Luana, Adriana, Ana Vitória e Ary Borges;
- pro ataque: Andressa Alves, Geyse, Nycole, Bia Zaneratto, Gabi Nunes, Debinha.
Seleções que disputam a Copa do Mundo Feminina de Futebol / 2023
Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Colômbia, Costa Rica, Dinamarca, Inglaterra, França, Alemanha, Haiti, Itália, Jamaica, Japão, Coreia, Marrocos, Holanda, Nova Zelândia, Nigéria, Noruega, Panamá, Filipinas, Portugal, Irlanda, África do Sul, Espanha, Suécia, Suíça, Estados Unidos, Vietnã e Zâmbia.
Os grupos
Grupo A: Nova Zelândia, Noruega, Filipinas, Suíça
Grupo B: Austrália, Irlanda, Noruega, Canadá
Grupo C: Espanha, Costa Rica, Zâmbia, Japão
Grupo D: Inglaterra, Dinamarca, China, Haiti
Grupo E: Estados Unidos, Vietnã, Holanda, Portugal
Grupo F: Brasil, França, Jamaica e Panamá
Grupo G: Suécia, África do Sul, Itália, Argentina
Grupo H: Alemanha, Marrocos, Colômbia, Coreia do Sul
Datas dos jogos do Brasil e onde ver
Primeira fase
24/7 – Segunda-feira: 8h: Brasil x Panamá (TV Globo, Sportv, Globoplay e GE);
29/7 – Sábado: 7h: França x Brasil (TV Globo, Sportv, Globoplay e GE)
2/8 – Quarta-feira: 7h: Jamaica x Brasil (TV Globo, Sportv, Globoplay e GE);
Os títulos de Marta
A rainha do futebol brasileiro foi a maior artilheira da história das Copas do Mundo (17 gols), inclusive se comparada com a Copa do Mundo Masculina que tem o alemão Miroslav Klose (16 gols) como maior artilheiro em quatro copas. Marta é a maior artilheira da história da seleção brasileira (122 gols); Pelé e Neymar tem 77 cada um. A jogadora também ganhou duas medalhas de prata nas Olimpíadas (2004 e 2008); duas medalhas de Ouro nos Jogos Pan-Americanos (2003 e 2007) e disputou cinco Copas do Mundo e cinco Olimpíadas. Ela ainda tem cinco títulos na Suécia e dois nos Estados Unidos.
Redação da CUT