Mesa de debates apontou problemas e sugeriu alternativas para a organização da classe trabalhadora
Na tarde desta terça-feira (25), a 3ª Plenária Nacional da Contracs debateu “Mercado de trabalho e novas estratégias de organização sindical” com o coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre Prado, e com o professor da Unicamp e diretor do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit), José Dari Krein.
A mesa de debates foi coordenada pelo secretário-geral da Contracs, Antônio Almeida e pela secretária de relações de trabalho, Ana Maria Roeder.
Silvestre citou que as reformas aprovadas e em tramitação estão interligadas. “A pauta entreguista do governo é uma coisa que nunca tinha presenciado e que este governo tem feito em nome de ajustar as contas públicas” afirmou inconformado que não haja uma reação a altura para barrar o que está acontecendo no Brasil.
O coordenador de relações sindicais do Dieese pontuou algumas estratégias que podem ser adotadas pelo movimento sindical para pensar diante do novo cenário e especialmente da reforma trabalhista e das mudanças que serão promovidas, tais como: não se desesperar diante da legislação que entrará em vigor em 120 dias; não negociar individualmente nem aceitar qualquer acordo assim como entender e pensar estratégias voltadas para cada setor, de forma organizada.
“Acho normal que todos estejam pensando em quais serão as alternativas e as saídas. Mas temos que tentar achar uma saída coletiva e não individual.” afirmou Silvestre.
José Dari Krein, do Cesit, foi contundente ao dizer que os sindicatos precisam assumir seu papel de protagonismo na provocação dos trabalhadores e na promoção das ações.
“Não dá para pensar em uma sociedade democrática sem os sindicatos para fazer oposição na relação do capital-trabalho.” disse Dari. Para ele, a nova classe trabalhadora será como os setores representados pela Contracs com categorias heterogêneas, que dificultam a organização sindical.
“O mundo do trabalho que está se figurando é desfovarável aos trabalhadores e à organização sindical. Os sindicatos foram as instituições que mais foram atacadas porque é a única que pode limitar a ação do empregador. O sindicato sempre remou contra a maré e os desafios são imensos. Não temos alternativas: é fazer o movimento sindical se revitalizar e reinventar a forma de organizar coletivamente. Vamos estudar a classe trabalhadora e vamos pensar que o agente da ação deve ser o sindicato – e não responsabilizar o trabalhador pela nossa prática – e sempre pensar se temos capacidade de aglutinar os trabalhadores.” resumiu Dari.
Já entre os caminhos apontados pelo diretor do Cesit estão se reconectar com a sociedade; desenvolver o trabalho de base; construir uma ampla aliança para se contrapor ao projeto em curso e ter muita ousadia para se reiventar aprendendo com a história. “O futuro depende de todos nós. Vivemos em uma sociedade em que a luta de classe permenece e as contradições são latentes e evidentes, mas somos um agente que tem capacidade estratégica e recursos de poder.” finalizou.